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Ace of Spades

Metallica - Master of Puppets


quinta-feira, janeiro 18, 2007

Tudo começa com alguns violões tocando um arranjo pouco usual mas bastante sonoro, calcado em notas graves e dissonantes. Quando você está começando a se acostumar a ele, surge um duelo de guitarras, forte e melodioso; quando você começa a entrar no clima, mais um corte abrupto e surge um riff pesadíssimo, com palhetadas rápidas e furiosas. É assim, levando o ouvinte de arrasto em uma verdadeira montanha russa do Metal, que começa o terceiro e clássico álbum do Metallica, o soberbo “Master of Puppets”. Fiéis à fórmula do Thrash Metal vigoroso que os consagrou, eles no entanto ousaram ir um pouco além – e o resultado é intenso, contagiante e, não raro, primoroso.

Era um momento especial na carreira do grupo: acumulando sucessos, com dois LPs de excelentes vendagens e já então entre os grandes nomes do Heavy Metal mundial, o Metallica tinha a responsabilidade de confirmar seu status e de gravar um disco que de alguma forma transcendesse os dois que o antecederam. E assim foi feito. Produzido em conjunto com Fleming Rasmussen e gravado no estúdio de King Diamond na Dinamarca, “Master of Puppets” é um álbum denso, que cria uma atmosfera que envolve o ouvinte e meio que o isola do mundo ao redor, em um efeito que poucos discos são capazes de criar – ainda mais sendo tão pesados e agressivos como esse.

Por que ele é pesado, meus amigos. “Battery” abre os trabalhos como um bom disco de Metal deve fazer: derrubando tudo, sem deixar pedra sobre pedra. E logo depois manda a faixa-título, simplesmente um dos maiores hinos da história do Heavy Metal. São oito minutos e meio de pura musicalidade, com alguns dos riffs mais perfeitos da história da música (o da ponte “come crawling faster” é quase inacreditável de tão poderoso que é) e uma energia descomunal. Ouvir essa obra-prima e não se empolgar é comprovar empiricamente a falta de Heavy Metal no sangue, e tenho dito!

São inúmeros os momentos brilhantes do disco, que mesmo não sendo absurdamente surpreendes para os fãs acabavam causando impacto pelo brilhantismo de composição e execução. Por exemplo, já era tradição no Metallica ter uma instrumental nos seus álbuns (só em 1991, com o “Black Album”, que a regra foi quebrada), mas “Orion” contagia pela perfeição dos arranjos e pelo sensacional trabalho de baixo – Cliff Burton, geralmente mais contido nas gravações e absolutamente insano ao vivo, resolveu se “exibir” um pouco e enche nossos ouvidos com solos e evoluções de altíssima técnica e qualidade musical. Já tínhamos tido uma balada no álbum anterior, “Fade to Black” – mas a ‘balada’ da vez, “Welcome Home (Sanitarium)”, consegue ser tocante e empolgante ao mesmo tempo, além de evidenciar os talentos de Kirk Hammett para quem quer que, inexplicavelmente, ainda duvidasse deles. E músicas velozes e agressivas nunca faltaram no repertório de Hetfield, Ulrich e cia. – mas o que dizer de “Damage, Inc.”, uma música violentíssima, mais até do que a maioria dos clássicos do primeiro e sempre lembrado “Kill ‘em All”, que encerra o disco sem a menor piedade dos pescoços alheios?

“Master of Puppets” é um dos grandes álbuns dos anos 80 – e, consequentemente, do Heavy Metal como um todo. Não há como ser isento e imparcial resenhando um trabalho desse quilate, onde é virtualmente impossível achar defeitos. Por isso, caro(a) leitor(a), nada de baixar mp3 ou copiar CDR desse aqui: fã de Metal que se dá o respeito tem que ir na loja e botar seu suado dinheirinho em um exemplar dessa pérola. E daí que, depois, Cliff Burton morreu tragicamente, o Metallica virou banda das multidões e acabou embarcando numa canoa furada de experimentalismos, se tornando uma pálida caricatura dos seus tempos de glória? Temos esse CD, e esse CD nos basta. Agora com licença, que eu vou dar o ‘repeat’ ali no aparelho de som. Nota 9,0.

FICHA TÉCNICA
Master of Puppets – Metallica
Lançamento: 1986
Produção: Fleming Rasmussen e Metallica
Gravadora: Elektra
Faixas: 08
Tempo: 54'45''
Formação: James Hetfield (V,G), Kirk Hammett (G), Cliff Burton (B), Lars Ulrich (D)

posted by Natusch @ 9:17 PM,




1 Comments:

At 9:31 PM, Blogger Vicente Fonseca said...

Pois é, Igor, tu retrataste muito bem o sentimento que o "Master" traz a quem o houve. É um álbum praticamente perfeito, até mais pesado que o Kill'em All. Todas as músicas são excelentes, em especial Battery, Master of Puppets, Sanitarium e Orion. Até a capa é sensacional. Eu daria 9.1 para esta obra-prima, quase a mesma avaliação do amigo.

 

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