METALLICA - Death Magnetic (2008)
sexta-feira, setembro 19, 2008
Dizer que havia grande expectativa rondando o lançamento de “Death Magnetic” é de um eufemismo quase absoluto. Tantos eram os sinais de um retorno do Metallica ao som mais Thrash do início de sua carreira que mesmo o mais empedernido “die-hard” engoliu em seco a lembrança dos últimos trabalhos e se pôs a esperar com ansiedade pelo lançamento do disco. E, para a alegria de muitos, não foi propaganda enganosa: “Death Magnetic” é o álbum mais tipicamente Metallica desde o “black album” e, mesmo não sendo a oitava maravilha do mundo, consegue recolocar nos trilhos a carreira de um gigante que muitos consideravam extinto.
Claro que o novo CD não pode ser seriamente comparado a obras seminais como “Master of Puppets” e “Ride the Lightning” – mesmo porque, sinceramente, quantos discos posteriores lançados por qualquer banda podem sobreviver a tal comparação? Os anos 80 não voltarão, e na verdade não creio ser isso o que o Metallica busca alcançar com esse disco. Eis, me parece, o mais difícil numa resenha de um disco como esse: tentar julgar o álbum pelo que ele é, e não pelo que se gostaria que ele fosse capaz de ser. Muito embora o próprio Metallica tenha meio que forçado um pouco essa comparação, adotando por exemplo alguns “cacoetes” na escolha da ordem das faixas no disco – a quarta música é a semi-balada que fica agressiva (como “One” e “Welcome Home”), a penúltima é um tema instrumental (à “Orion” ou “To Live is To Die”) e o encerramento é a música mais direta e veloz do disco (alguém gritou “Damage Inc.” ou “Dyers Eve”?). Nada que seja realmente prejudicial ou digno de crítica, apenas uma curiosidade que merece o registro.
Quanto a “Death Magnetic”, então. A abertura com “That Was Just Your Life” é, no mínimo, impactante: depois de uma breve vinheta com sons de um coração batendo, temos uma introdução climática conduzida pelas guitarras que desemboca numa porrada como há muito não se ouvia vindo do Metallica. Uma letra inteligente, riffs poderosos um atrás do outro, refrão forte... De fato, uma música que grita, para quem quiser ouvir, que o Metallica Thrash Metal está de volta. Difícil conter a empolgação e não abrir um sorriso ouvindo essa bela pérola do Thrash Metal.
Sensação, diga-se, que se mantém durante a maioria das dez músicas do CD. São no geral músicas longas (quase todas ultrapassando os sete minutos de duração), recheadas de riffs que se engancham uns nos outros e vão construindo uma massa sonora que tem um grande potencial para agradar os que se sentiam órfãos da banda desde o início dos anos 90 ou ainda antes disso. Entre os destaques, “All Nightmare Long” (que lembra mais o “black album” e tem um refrão excelente), “The Judas Kiss” (com um dos melhores solos de Kirk Hammett em muitíssimo tempo, além de vários riffs memoráveis), a furiosa “My Apocalypse” e “Broken, Beat and Scarred”, talvez a mais marcante de todas devido a sua linha vocal altamente “cantável” e aos bons arranjos de guitarra. “The Day That Never Comes” é a música de trabalho, um tema que começa com muita melancolia e evolui para uma paulada rápida e raivosa – é uma canção que de início não surpreende tanto, mas que vai crescendo com repetidas audições. “Cyanide”, por sua vez, é a mais “moderna”, remetendo fácil aos tempos de “ReLoad” – mas tem outro belo refrão e não soa tão deslocada assim no meio das demais. Talvez só “Suicide & Redemption” (o tema instrumental) e “The Unforgiven III” estejam um pouco abaixo do nível das restantes – embora estejam longe de serem realmente ruins, de qualquer modo.
Caso seja tão necessária assim uma referência no passado do Metallica, eu diria que esse novo disco remete especialmente a “...And Justice For All”, pelas estruturas complexas e pelo clima denso da maioria das composições. Alguns elementos do passado recente estão presentes, como as melodias vocais de James Hetfield e a temática melancólica de muitas letras, mas nada que desvie muito a banda de seu reencontro com a sonoridade Thrash. Robert Trujillo, tão elogiado pelos colegas pela participação no álbum, deve ter ficado um pouco ausente do processo de mixagem – pois em alguns momentos o baixo é virtualmente inaudível, sumindo na camada sonora das guitarras. A bateria, ao contrário, está alta até demais – o que, ao contrário de favorecer, acaba quase jogando contra o velho Lars Ulrich. Embora o desempenho geral esteja muito longe de ser sofrível, o fato é que o baterista parece não ter a mesma força que tinha anos atrás – e isso se reflete na criatividade de seus arranjos, que muitas vezes apelam para a simplicidade quando a música parece “pedir” algo mais complexo ou inventivo. Os motivos podem ser inúmeros, e listá-los aqui seria pura especulação – mas o fato é que, enquanto James Hetfield e Kirk Hammett parecem ainda capazes de tocar com a intensidade que o Metallica exige, para Lars a tarefa parece bem mais penosa, infelizmente.
É um disco muito esperado, e portanto poderíamos falar dele até semana que vem, se fosse o caso. Seja como for, “Death Magnetic” é um disco forte, coeso, bem construído e de belas composições – e assim merece ser visto, ouvido e apreciado. Compará-lo com os clássicos da banda pode ser inevitável, mas não deve ser feito para diminuir esse álbum – mesmo porque não parece pretensão de “Death Magnetic” soar “velho” ou “saudosista”, de modo algum. É um trabalho que, muito mais do que tentar resgatar a sonoridade dos tempos mágicos que não voltam mais, tenta se inspirar nela para encontrar um caminho para o futuro. E, diga-se, cumpre esse objetivo bastante bem.
posted by Natusch @ 7:31 PM, ,
Relatos de um homem realizado
quinta-feira, março 06, 2008
Sinceramente, quando eu e o brother of metal Natusch abrimos o Ace of Spades, não imaginei que um dia estaria escrevendo uma resenha como esta, sobre este assunto. Felizmente este blog existe, pois será mais uma das tantas recordações de meu ápice como fã de Heavy Metal. Ontem, durante o solo de Powerslave, eu sabia que naquela noite de 5 de março de 2008 estava vivendo meu auge em termos musicais. Sabia que os meus assuntos com o mundo da música pesada estavam sendo definitivamente resolvidos. Não foi tão somente um show de metal o que ocorreu no aterro do Lago Guaíba. Foi um sonho realizado. Ou talvez mais: tudo foi tão impecável e perfeito que eu sinceramente sempre achei nestes 9 anos acompanhando o metal que nunca aconteceria.
Primeiramente, as questões extra-show. Por volta de 15:30, duas horas e meia antes da abertura dos portões, meu amigo Chico me liga avisando que está na fila das cadeiras. Não esperava que ele fosse, decidiu ontem mesmo ao meio-dia que iria ao aterro. Companhia enlouquecida, bom-humor, amizade de 18 anos de convivência e lugar privilegiado na fila eram já o primeiro presente do dia. Eu e meu cunhado Roberto (mestre, 25 anos de metal) pegamos um excelente estacionamento, chegamos na fila e entramos 1 minuto depois. Pegamos a melhor vista possível para o show, o que me rendeu alguns vídeos sensacionais, apesar do som ter estourado.
Após o show de Lauren Harris, filha do homi, tocando um rockzinho secos e molhados, temos uns 20 minutos de espera até, às 21:00 em ponto, começa um vídeo no telão e Churchill' Speech, que antecede tradicionalmente Aces High. Na minha opinião, a maior música do Iron Maiden e do Heavy Metal de todos os tempos estava sendo tocada à minha frente, por Bruce Dickinson, Steve Harris, Adrian Smith, Dave Murray, Janick Gers e Nicko McBrain. Coisas que só uma turnê como Somewhere Back in Time poderia me proporcionar.
O cenário da enorme pirâmide da capa de Powerslave seguia ao fundo, agora para 2 Minutes to Midnight, presença sempre garantida no set list, com a energia habitual. A seguir, Revelations quebrou um pouco clima na medida certa, coisas que só uma grande "balada" poderia fazer. O cenário então é trocado. A cortina gigante traz agora Eddie lutando com a bandeira britânica. Sim, The Trooper chegava explodindo seu riff inconfundível. Bruce surge então tremulando a bandeira da Grã-Bretanha e os 15 mil fãs vão ao delírio absoluto. Os versos foram cantados em uníssono. Um dos pontos altos da inesquecível noite, sem qualquer sombra de dúvida.
Então, alguém joga um celular no palco e Bruce "atende". Fala com o suposto pai da criatura, dizendo que não é perda de tempo estar lá no Gigantinho. A palavra "waste", usada pelo vocalista, puxa a grande Wasted Years, cujo refrão deve ter-se ouvido a quilômetros da Padre Cacique. Adrian Smith, compositor desta obra-prima, deu uma verdadeira aula nesta e em todas as outras músicas da noite. Não verei outro guitarrista melhor ao vivo, e tenho bem ciência disto.
Então, antes do que de costume - mas seguindo o set list de toda turnê - as luzes se apagam e o público logo reconhece a narrativa que antecede um dos maiores momentos de loucura coletiva, The Number of the Beast. Depois, Can I Play With Madness é a primeira de Seventh Son of a Seventh Son a ser tocada. Ela antecedeu uma das mais impressionantes da noite, Rime of the Ancient Mariner, que merece um parágrafo exclusivo.
Bruce entra com um manto negro. Ao fundo, a cortina exibe um navio abandonado. Após 5 minutos de música, vem a tradicional parada, onde o público deu show exibindo seus celulares e isqueiros. A impressão de quem estava lá era a de estar em um navio à deriva, perdido no oceano, numa noite escura e sombria. Curiosamente, este que foi um dos raros momentos de relativo silêncio do show acabou sendo um dos mais sensacionais. Depois, as guitarras e Bruce voltam. 13 minutos de glória.
Não lembro exatamente a ordem de execução, mas acredito que Powerslave tenha sido a próxima. Outro momento áureo do show, o qual já descrevi no primeiro parágrafo. Heaven Can Wait trouxe a tradicional participação dos roadies da banda no vocal. Minutos depois, não eram os roadies que perderiam a voz, mas sim os 15 mil fanáticos que testemunharam o que vos conto. É fácil explicar, bastam quatro palavras: Run to the Hills. Desnecessário seguir adiante em qualquer explanação.
Então, os acordes de Fear of the Dark levam todos à loucura mais uma vez. É certo que a música fica deslocada em uma turnê cuja proposta é tocar canções da banda entra 1984 e 1988. Mas é sua popularidade que a garante num show em uma cidade que não via a banda há 16 anos (e quem viu garante que o show de 1992, na turnê do próprio Fear of the Dark, foi bem fraco). Todos perguntavam quando Eddie entraria, e a resposta viria a seguir.
Iron Maiden levantou todos, e ali era certo que o mascote entraria. Os porto-alegrenses não têm do que se queixar: o que vimos foi a personificação do personagem da capa de Somewhere in Time: futurista, com metralhadora e luzes piscando em seu rosto, gigantesco, Eddie entra, como sempre "em chamas". O auge da noite durou dois minutos, com o hino da banda, Iron Maiden, sendo executado de fundo com maestria pelos seis outros integrantes da banda.
O bis era o esperado, que vem se repetindo na Somewhere Back in Time World Tour. A enérgica Moonchild, maravilhosa; The Clairvoyant a seguir; as duas com o cenário de The Prophecy ao fundo. E, fechando a conta, não poderia faltar a sensacional Hallowed Be Thy Name.
O desempenho dos integrantes correspondeu a todas as expectativas. Adrian Smith, Steve Harris e Bruce Dickinson foram impecáveis; Dave Murray segue solando como nos velhos tempos; Nicko McBrain, de chinelinho, era um dos mais carismáticos; e Janick Gers, como de costume, mais fez piruetas que tocou. Compreensível, de certo modo, já somente uma das 16 músicas foi composta em um período em que ele estava no Iron Maiden. Não há como encaixar três guitarristas de forma equivalente.
Defeitos? Talvez só o material promocional. Levei comigo uma boa quantia esperando comprar tudo o que fosse possível do Iron Maiden. O que vi foram apenas quatro ou cinco modelos de camisetas, e apenas duas com a data do show, cada uma a R$ 50. Levei ambas, e só. Nem as usarei, apenas as guardarei como uma lembrança mágica. Sobre o set list, se não tivesse sido tão sensacional, eu teria sentido falta de The Evil that Men Do.
Mas seria muito espírito de porco reclamar disso. Numa noite em que vi o Iron Maiden tocando clássicos de sua melhor fase, com a formação clássica, nada disso importa. Isso sem falar em todos os trejeitos clássicos que todo grande show do Maiden deve ter: Bruce entrando com a bandeira britânica em The Trooper; com um manto em Rime of the Ancient Mariner; com a máscara de Powerslave; um Eddie espetacular adentrando o palco, fazendo de todos os presentes parte do cenário de Somewhere in Time. Que mais posso querer? Nada, é a resposta. Não espero mais nada do Heavy Metal, porque ontem ele me proporcionou tudo o que eu poderia querer e esperar dele.
posted by Vicente Fonseca @ 11:28 AM, ,
É hoje o dia
quarta-feira, março 05, 2008
Incrivelmente, assistirei o Iron Maiden ao vivo. Quando eles vieram a Porto Alegre pela primeira vez, em 1992, na turnê do Fear of the Dark, eu tinha tenros 9 anos de idade. Nem sabia o que era Heavy Metal. Assisti ao show no Rock in Rio, em 2001, e jurei que um dia os veria ao vivo. Quando em 2005 eles disseram que não fariam mais nenhuma grande turnê, imaginei estar derrotado.
Dia 1º de novembro de 2007, meu amigo e companheiro de metal Felipe Levin me mandou um torpedo via celular dizendo só "Iron Maiden em Porto Alegre dia 5 de março!". Não acreditei num primeiro momento, só depois caiu a ficha. Meu maior sonho musical estaria sendo realizado: assistir a Steve Harris, Bruce Dickinson, Adrian Smith e companhia, juntos, ao vivo.
E hoje eu estarei lá, enlouquecido, pronto para registrar em minha máquina digital e em minha memória o maior espetáculo de loucura da minha vida. O grande dia chegou. O ingresso saiu 300 reais. Para mim, podia ser mil reais. Economizaria, viveria de pão e água, mas veria o Iron Maiden ao vivo um dia. Ainda gastarei mais alguns dobrões com o material disponível no Gigantinho: camisetas, tourbook, qualquer coisa. O Iron Maiden merece meu investimento. E acho que eu também mereço vê-los ao vivo: a devoção de quem é fã, ainda se arrepia com alguns riffs e refrãos depois de tanto tempo e continua devoto, mesmo que não tivesse esperança de vê-los ao vivo um dia, merecia ter um final feliz.
posted by Vicente Fonseca @ 10:03 AM, ,
PAUL DIANNO - Manara, Porto Alegre-RS (18/11/2007)
terça-feira, novembro 20, 2007
Sejamos honestos: ultimamente, reclamar de falta de shows em Porto Alegre não dá. Só nesse 2007, nós gaúchos tivemos a satisfação de assistir bandas como Testament, Cannibal Corpse, Hammerfall, Exodus... Isso sem contar o ápice, o evento único que nos espera dia 05 de março de 2008: Iron Maiden, uma das maiores bandas da história do Heavy Metal, se não mesmo a maior. E, faltando menos de quatro meses para O SHOW em questão, temos a chance de conferir ninguém menos que Paul Dianno, o homem que gravou a voz nos dois primeiros discos da Donzela, em sua terceira visita ao Rio Grande do Sul.
Depois de um atraso muito grande (causado, ao que parece, pela demora de chegada da equipe do Dianno), tivemos um breve show de abertura a cargo da banda Ghaya. O sexteto está conquistando aos poucos seu espaço na cena local, e fez um show eficiente, tocando algumas boas músicas próprias e um cover de “Painkiller”, do Judas Priest. Mais uma longa e desagradável espera, e eis que por volta das 23h30 finalmente a banda de apoio de Dianno sobe ao palco, mandando uma emocionante “The Ides Of March”. Na seqüência, “Wrathchild”, e surge finalmente ‘o homem’ – para delírio dos presentes, que cantaram a plenos pulmões esse hino imortal da música pesada. E logo depois, veio “Prowler” – ou seja, daí vira sacanagem. Simplesmente não há como não agitar feito um louco ouvindo essa que o cronista considera uma das mais perfeitas canções de toda a história do Heavy Metal.
Fisicamente, somos forçados a dizer: Paul Dianno está meio, digamos, quebrado. Mancando muito devido a uma lesão no joelho, o homem agitou bem menos do que da vez anterior em Porto Alegre (2000) – além de que a sua voz também estava bastante enfraquecida, para ser honesto. Segundo o próprio, uma conseqüência da longa viagem de ônibus a partir de Londrina, que fez com que a equipe só chegasse em Porto Alegre pouco antes do show. No entanto, fica difícil engolir a explicação sem ressalvas, quando se vê o homem tomar água geladíssima no intervalo das músicas e, principalmente, fumar um cigarro durante a pausa para o bis. A viagem pode até ter piorado o quadro, mas está na cara que o homem não se ajuda muito... Resultado: frases cantadas fora de métrica, agudos solenemente ignorados e incontáveis pausas para deixar a galera cantar junto enquanto o vocalista tomava um ar. Se quiséssemos ser chatos quanto a esses detalhes de desempenho, a crítica do show poderia sair bastante negativa, no fim das contas.
Mas a questão que se impõe é: isso importa? Afinal, o cara é uma lenda, estava de ótimo humor (o que ele fez de piadinhas durante o show não está no gibi), tinha uma banda bem competente por trás, e o repertório escolhido era simplesmente matador. Rolaram vários sons da banda Killers (tipo “Marshall Lockjaw”, “The Beast Arises” e uma versão pesada de “Faith Healer”, clássico de Alex Harvey), além de uma canção do Battlezone (“Children Of Madness”), todas composições de alto nível. Mas, como todos sabemos, o povo queria Iron Maiden, e Paul Dianno não se furta de dar aos fãs o que eles querem. Além das já citadas, tivemos pérolas como “Murders In the Rue Morgue”, “Running Free”, “Killers” (‘dedicada’ ao ‘maior terrorista filho da puta do planeta’, George Bush) e “Remember Tomorrow”, todas recebidas com previsível entusiasmo pelo bom público presente. “Phantom of the Opera” foi, na minha opinião, o ponto máximo – brilhantemente executada e com o público ensandecido, acabou sendo daquelas de lavar a alma. Coisa linda de se ver, acreditem.
Na volta do bis, outro ponto alto: “Transylvania”, ‘cantada’ a plenos pulmões pelo público, que acompanhou toda a linha melódica da primeira parte – como, aliás, já tinha ocorrido na citada “The Ides Of March” também. De volta ao palco, Paul pergunta se o pessoal quer ouvir “um pouco de Punk Rock”, comenta com o resto da banda que o público “vai odiar isso” e manda nada menos que “Blitzkrieg Bop” do Ramones, em versão levemente ‘metalizada’ e que acaba sendo muito bem recebida pela maior parte do público. Para fechar de vez, “Sanctuary”, tocada com empolgação e que encerrou da melhor maneira essa bela noite de Metal.
Em resumo: por mais que se critique Paul Dianno por viver na sombra do Maiden (o que, para mim, é um assunto que rende uma interminável discussão), e por mais que o cara sinta o peso dos excessos de sua vida e esteja meio fora de forma (em mais de um sentido), ele continua sendo uma figura incrivelmente carismática, e sem dúvida capaz de oferecer um show competente e sumamente divertido. E não é isso que se quer, no fim das contas, de qualquer show? Podem até dizer que o show do homem foi um mero “aperitivo” para O SHOW de março, no fundo até foi mesmo – mas, de qualquer modo, valeu muito a pena, sem sombra de dúvida.
SETLIST:
The Ides Of March
Wrathchild
Prowler
Marshall Lockjaw
Murders In the Rue Morgue
The Beast Arises
Children Of Madness
Remeber Tomorrow
Faith Healer
A Song For You
Killers
Phantom Of the Opera
Running Free
BIS:
Transylvania
Blitzkrieg Bop
Sanctuary
posted by Natusch @ 7:55 PM, ,
Warlord - Rising Out Of the Ashes (2002)
quarta-feira, novembro 07, 2007
Inspirado por alguns comentários dentro do post sobre o ‘debut album’ do HammerFall (que pode ser encontrado pelos interessados um pouco mais abaixo), decidi dar um pouco de reconhecimento a uma das maiores inspirações de Joacim Cans e cia. – e, de quebra, uma das bandas mais legais e menos reconhecidas dos anos 80. O Warlord surgiu em 1981, em um lugar inóspito para uma banda de Metal (Hollywood, EUA), através do esforço de William J. Tsamis (G) e Mark Zonder (D). O grupo gravou em 1983 o histórico mini-LP “Deliver Us”, uma obra-prima do Power Metal épico. Em 1984, lançaria um single (“Aliens / Lost And Lonely Days”) e um ‘falso ao vivo’ chamado “And the Cannons Of Destruction Have Begun”, todos trabalhos de alto nível. No entanto, a falta de reconhecimento (Estados Unidos, né) e as constantes mudanças de formação acabaram desanimando Tsamis e Zonder, levando ao fim do grupo. Mark Zonder entrou no Fates Warning, enquanto William Tsamis virou estudante e posteriormente professor universitário na área da filosofia. Chegou a montar uma outra banda (chamada Lordian Guard e que divide opiniões) e lançar dois CDs com ela (CDs que saíram aqui no Brasil via Hellion Recs.), mas já num esquema bem menos pretensioso. Então veio o cover de “Child Of the Damned”, depois a participação de Tsamis na estupenda “At the End Of the Rainbow”, e é claro que William sentiu vontade de gravar algo novo. O resultado, meus amigos, é o “Rising Out of the Ashes” que resenharemos daqui por diante.
William J. Tsamis assumiu todas as partes de guitarra e baixo, Mark Zonder voltou para a bateria, mas faltava ao menos mais uma pessoa para os vocais. A solução? Chamar ninguém menos que Joacim Cans, que tão bem tinha feito o serviço no HammerFall. Obviamente, o homem topou (quem não toparia gravar um disco com uma de suas bandas favoritas?), e desta conjunção de grandes nomes saiu esse ótimo CD. Das nove músicas, algumas são regravações de temas do Lordian Guard e/ou do próprio Warlord, enquanto as demais são totalmente inéditas – e momentos legais não faltam no repertório do disco. De cara, a poderosa “Battle Of the Living Dead” revela para quem não conhece o que é o som do Warlord: clima épico, muitas melodias de guitarra, bateria trampada para diabo e uma linha vocal simples e marcante, desaguando em um refrão fácil de cantar. Um primor, acreditem.
As três peças da banda funcionam perfeitamente em suas funções. Mark Zonder é um baterista completo, e ainda por cima criativo: suas levadas são de alta variação, e o homem consegue achar soluções surpreendentes em vários momentos do CD. William J. Tsamis, além de ser o compositor exclusivo de quase todas as (ótimas) músicas e (muito interessantes) letras, é um guitarrista bastante qualificado, com um estilo muito pessoal – nada de solinhos rapidinhos, aqui é riff em cima de riff e muitas, mas muitas melodias mesmo. Joacim Cans, bem, é aquilo que a gente sabe: um cantor de timbre personalíssimo, que sabe muito bem como conduzir uma música épica com força e emoção. As partes de teclado são discretas e bem incluídas, e de tudo isso sai uma sonoridade que agrada facilmente quem gosta de Heavy Metal de alto nível.
Quanto às músicas, o nível é bem alto, então dificulta na hora de dar destaques. Além da citada “Battle Of the Living Dead”, temos a sensacional “Winds Of Thor” (ouvir o coro no final e não cantar junto é passar um atestado de ‘não-sou-um-verdadeiro-fã-de-Metal), o riff demolidor de “Enemy Mind”, a linda balada “My Name Is Man” (sério mesmo, o negócio é do mais alto nível) e o clima grandioso de “Achilles Revenge”. A regravação de “Lucifer’s Hammer” (tema clássico da banda, gravado pela primeira vez ainda em 1983), na minha opinião, não deu tão certo assim: a versão original é mais grandiosa e bombástica. Mas ainda assim é uma música sensacional, e quem não conhece vai curtir, com certeza. A maioria das músicas tem andamentos menos velozes do que o comumente associado a bandas do tipo, mas mesmo isso é positivo, pois permite que o Warlord fuja de alguns dos clichês do gênero – boa parte deles, de qualquer modo, inventados por eles mesmos...
Resumindo: um CD bem interessante, que tende a agradar consideravelmente não só aos fãs de carteirinha do HammerFall, mas também aos apreciadores de Heavy Metal épico tocado com energia e conhecimento de causa. Depois disso, o Warlord voltou ao recolhimento, com Mark Zonder reassumindo as baquetas no Fates Warning, Joacim Cans retomando a posição de frente no HammerFall e William J. Tsamis retornando aos livros e ensaios sobre filosofia. Menos mal, de qualquer modo, que a união dos nomes em questão rendeu um CD dos mais respeitáveis – e quem sabe, um dia desses, os três não resolvem se unir uma vez mais, gravando quem sabe algo tão agradável quanto esse “Rising Out Of The Ashes”. Eu, do lado de cá, fico torcendo. Nota 8,0
Warlord – Rising Out Of the Ashes
Lançamento: 2002
Gravadora: Rock Brigade / Laser Company
Faixas: 09
Tempo: 50’39’’
Formação: Joacim Cans (v), William J. Tsamis (g / b / k), Mark Zonder (d).
posted by Natusch @ 1:00 AM, ,
Porto Alegre, 5 de março de 2008: faltam 125 dias
quinta-feira, novembro 01, 2007
Leiam isto.
Depois, se eu ainda estiver vivo, belisquem-me para me provar que não é delírio.
Up the Irons!
posted by Vicente Fonseca @ 4:08 PM, ,
HELLOWEEN - Gambling With the Devil
domingo, setembro 23, 2007
Não é de agora que os alemães do Helloween andavam dando motivos de preocupação para os seus fãs. Em uma análise rigorosa, pode-se dizer que desde “Better Than Raw” (1998) o grupo vinha dando algumas escorregadas – que, felizmente, eram amplamente suplantadas pelos acertos no disco em questão. No entanto, a espiral da abóbora passou a ser descendente, e acabamos presenteados com álbuns ora confusos (“The Dark Ride”), ora quase inúteis (como o disco de covers “Metal Jukebox”), quando não carentes mesmo de inspiração (“Rabbit Don’t Come Easy” ). Por fim, veio a mui infeliz idéia de gravar um CD duplo e chamá-lo “Keeper of the Seven Keys – The Legacy”. Além de gerar imediatamente uma comparação severa com os dois maiores clássicos do Helloween, deixou ainda mais escancarada a falta de regularidade das composições em um disco apenas mediano. Depois de tudo isso, não surpreende que “Gambling with the Devil” seja recebido com considerável desconfiança por imprensa e público. E não é que o disco é uma pedrada, um trabalho de alto nível que chega a lembrar até os já um tanto velhos tempos de “Master of the Rings” e “Time of the Oath”?
Após a intro “Crack the Riddle” (que conta com a ilustre participação de Biff Byford, do Saxon, e lembra o início de “The Dark Ride”, a música), temos “Kill It”, uma faixa absolutamente demolidora. Andi Deris dá um show em diferentes entonações de voz, Dani Löble destruindo tudo na bateria e um clima que lembra “Push” do “Better than Raw”, mas em uma música que consegue ser bem mais efetiva e empolgante. É uma faixa surpreendente, que cria uma alta expectativa para o que virá a seguir. E a seguir vem “The Saints”, que deve ser uma composição de Michael Weikath, a julgar pelas características: bumbo duplo no talo, melodias aos montes e uma linha vocal marcante e grandiosa. Lembra “The Tune” (para mim, a melhor canção de “Rabbit Don’t Come Easy”) e tem uma seção instrumental inspiradíssima, com duelos de guitarras empolgantes de Weikath e do já não tão novato Sascha Gerstner. Um ótimo começo, acreditem.
“As Long As I Fall” é o primeiro single, e essa com certeza é música de Andi Deris – um ar hard rock conduz a música, que tem um refrão marcante e mais uma ótima seção instrumental. Aqui já fica claro qual é a do novo Helloween: fazer basicamente o mesmo que tem feito nos últimos anos, mas com uma qualidade muito superior ao que seu passado recente poderia dar a supor. Já “Paint A New World” é pesadíssima, com um timbre de guitarras saturado ao extremo e mais um grande desempenho de Deris. Parece que ele resolveu calar a boca da oposição de vez, e durante todo o disco sua convicção e versatilidade impressionam qualquer um que ouça sem idéias pré-concebidas. E na seqüência, “Final Fortune”, uma pérola. Dizem que é uma composição de Markus Grosskopf, que nunca foi muito de escrever músicas para a banda, e se for mesmo eu bato palmas de pé para o homem – afinal, que música foda! Tudo nela é inspirado, bem construído e executado, um show de musicalidade e bom gosto. No momento, é minha música favorita, e vou agitar como um louco se tocarem esse petardo ao vivo!
“The Bells of the Seven Hells” é uma música menos impactante, mas conta com um refrão simples e grudento, além de mais uma vez escancarar a qualidade de Dani Löble na bateria. O cara é um cavalo, capaz de arranjos criativos e variados mesmo nas partes mais velozes e complicadas, e acaba sendo um dos destaques do CD. Emendada com os sinos dos sete infernos, vem “Fallen to Pieces”, uma semi-balada até interessante, que consegue superar o refrão chatinho (o mais fraco do CD, com certeza) com arranjos dinâmicos e mais um grande desempenho da cozinha – e eu digo desde sempre que Markus é um dos melhores baixistas que o Heavy Metal conhece, mas não reconhece. Uma seção instrumental bem pesada é inserida no meio, e acaba dando um pouco mais vibração para a música. Mais uma emenda entre faixas, e “I.M.E.” surge, com mais um trabalho excepcional de guitarras a serviço de uma composição forte e marcante. Fugindo dos clichês estruturais do Metal melódico, temos riffs quebrados, bateria variada e um andamento não muito veloz, mas que conduz a música com perfeição. Essa deve ser daquelas que crescem no ouvinte à medida que vamos nos acostumando com ela.
“Can Do It” é quase pop, mas mesmo assim é sensacional. Como parâmetro mais próximo de comparação, me ocorre “Living Ain’t No Crime”, obscuro lado B que aparece apenas em coletâneas da banda. Ambas são grudentas, com linhas vocais que são inteiras um grande refrão (se é que me faço entender) e que são realçadas pelo peso do instrumental e pela inventividade dos solos de guitarra. Soa despretensioso, contagiante e sumamente divertido. “Dreambound” começa climática e evolui para mais uma canção de andamento veloz e grandes melodias vocais. Não chega a ser um som memorável, mas mantém alto o nível de um disco já muito bem cotado. Por fim, “Heaven Tells No Lies”, uma música de bons arranjos (em especial na entrada da seção instrumental, de fato inspiradíssima) e com uma energia bastante positiva, ao contrário da maioria dos últimos encerramentos de disco do Helloween, que eram mais “down”. Um bom encerramento para um trabalho de alto nível.
De modo geral, o que surpreende positivamente no Helloween 2007 é a volta da empolgação. Era inevitável ouvir os últimos discos e ficar com um sentimento esquisito, como se as músicas fossem escritas por obrigação e o disco fosse apenas o cumprimento de um dever contratual. Aqui, definitivamente, não é o caso – e temos diante de nós uma banda determinada a ser relevante, a escrever boas músicas, a acrescentar algo nesses tempos tão confusos para o Heavy Metal e para a música em geral. “Gambling with the Devil” é um CD forte, vindo de uma banda que demonstra querer superar todas as dificuldades do passado recente e que ainda pode oferecer muito aos fãs de Metal. Altamente recomendável. Nota 8,1
Helloween – Gambling with the Devil
Lançamento: 2007
Produção: Charlie Bauerfeind
Gravadora: Nuclear Blast
Faixas: 12
Tempo: 57’ 33’’
Formação: Andi Deris (v), Michael Weikath (g), Sascha Gerstner (g), Markus Grosskopf (b), Dani Löble (d).
posted by Natusch @ 10:51 PM, ,
Hammerfall - Glory to the Brave
sexta-feira, agosto 31, 2007
Rá! Gurizada, o Hammerfall vem a Porto Alegre no dia 1º de outubro. Aqui resenharemos neste período os seis álbuns lançados por esta banda sueca de true metal, para que todos vão se familizarizando, se é que ainda precisa. We are the templares of steel!
posted by Vicente Fonseca @ 9:10 AM, ,
Bruce Dickinson - Accident of Birth
terça-feira, agosto 07, 2007
posted by Vicente Fonseca @ 10:24 PM, ,
Metallica - ...And Justice For All
sexta-feira, julho 13, 2007
posted by Vicente Fonseca @ 10:01 PM, ,