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Ace of Spades

PAUL DIANNO - Manara, Porto Alegre-RS (18/11/2007)


terça-feira, novembro 20, 2007

Sejamos honestos: ultimamente, reclamar de falta de shows em Porto Alegre não dá. Só nesse 2007, nós gaúchos tivemos a satisfação de assistir bandas como Testament, Cannibal Corpse, Hammerfall, Exodus... Isso sem contar o ápice, o evento único que nos espera dia 05 de março de 2008: Iron Maiden, uma das maiores bandas da história do Heavy Metal, se não mesmo a maior. E, faltando menos de quatro meses para O SHOW em questão, temos a chance de conferir ninguém menos que Paul Dianno, o homem que gravou a voz nos dois primeiros discos da Donzela, em sua terceira visita ao Rio Grande do Sul.

Depois de um atraso muito grande (causado, ao que parece, pela demora de chegada da equipe do Dianno), tivemos um breve show de abertura a cargo da banda Ghaya. O sexteto está conquistando aos poucos seu espaço na cena local, e fez um show eficiente, tocando algumas boas músicas próprias e um cover de “Painkiller”, do Judas Priest. Mais uma longa e desagradável espera, e eis que por volta das 23h30 finalmente a banda de apoio de Dianno sobe ao palco, mandando uma emocionante “The Ides Of March”. Na seqüência, “Wrathchild”, e surge finalmente ‘o homem’ – para delírio dos presentes, que cantaram a plenos pulmões esse hino imortal da música pesada. E logo depois, veio “Prowler” – ou seja, daí vira sacanagem. Simplesmente não há como não agitar feito um louco ouvindo essa que o cronista considera uma das mais perfeitas canções de toda a história do Heavy Metal.

Fisicamente, somos forçados a dizer: Paul Dianno está meio, digamos, quebrado. Mancando muito devido a uma lesão no joelho, o homem agitou bem menos do que da vez anterior em Porto Alegre (2000) – além de que a sua voz também estava bastante enfraquecida, para ser honesto. Segundo o próprio, uma conseqüência da longa viagem de ônibus a partir de Londrina, que fez com que a equipe só chegasse em Porto Alegre pouco antes do show. No entanto, fica difícil engolir a explicação sem ressalvas, quando se vê o homem tomar água geladíssima no intervalo das músicas e, principalmente, fumar um cigarro durante a pausa para o bis. A viagem pode até ter piorado o quadro, mas está na cara que o homem não se ajuda muito... Resultado: frases cantadas fora de métrica, agudos solenemente ignorados e incontáveis pausas para deixar a galera cantar junto enquanto o vocalista tomava um ar. Se quiséssemos ser chatos quanto a esses detalhes de desempenho, a crítica do show poderia sair bastante negativa, no fim das contas.

Mas a questão que se impõe é: isso importa? Afinal, o cara é uma lenda, estava de ótimo humor (o que ele fez de piadinhas durante o show não está no gibi), tinha uma banda bem competente por trás, e o repertório escolhido era simplesmente matador. Rolaram vários sons da banda Killers (tipo “Marshall Lockjaw”, “The Beast Arises” e uma versão pesada de “Faith Healer”, clássico de Alex Harvey), além de uma canção do Battlezone (“Children Of Madness”), todas composições de alto nível. Mas, como todos sabemos, o povo queria Iron Maiden, e Paul Dianno não se furta de dar aos fãs o que eles querem. Além das já citadas, tivemos pérolas como “Murders In the Rue Morgue”, “Running Free”, “Killers” (‘dedicada’ ao ‘maior terrorista filho da puta do planeta’, George Bush) e “Remember Tomorrow”, todas recebidas com previsível entusiasmo pelo bom público presente. “Phantom of the Opera” foi, na minha opinião, o ponto máximo – brilhantemente executada e com o público ensandecido, acabou sendo daquelas de lavar a alma. Coisa linda de se ver, acreditem.

Na volta do bis, outro ponto alto: “Transylvania”, ‘cantada’ a plenos pulmões pelo público, que acompanhou toda a linha melódica da primeira parte – como, aliás, já tinha ocorrido na citada “The Ides Of March” também. De volta ao palco, Paul pergunta se o pessoal quer ouvir “um pouco de Punk Rock”, comenta com o resto da banda que o público “vai odiar isso” e manda nada menos que “Blitzkrieg Bop” do Ramones, em versão levemente ‘metalizada’ e que acaba sendo muito bem recebida pela maior parte do público. Para fechar de vez, “Sanctuary”, tocada com empolgação e que encerrou da melhor maneira essa bela noite de Metal.

Em resumo: por mais que se critique Paul Dianno por viver na sombra do Maiden (o que, para mim, é um assunto que rende uma interminável discussão), e por mais que o cara sinta o peso dos excessos de sua vida e esteja meio fora de forma (em mais de um sentido), ele continua sendo uma figura incrivelmente carismática, e sem dúvida capaz de oferecer um show competente e sumamente divertido. E não é isso que se quer, no fim das contas, de qualquer show? Podem até dizer que o show do homem foi um mero “aperitivo” para O SHOW de março, no fundo até foi mesmo – mas, de qualquer modo, valeu muito a pena, sem sombra de dúvida.

SETLIST:
The Ides Of March
Wrathchild
Prowler
Marshall Lockjaw
Murders In the Rue Morgue
The Beast Arises
Children Of Madness
Remeber Tomorrow
Faith Healer
A Song For You
Killers
Phantom Of the Opera
Running Free
BIS:
Transylvania
Blitzkrieg Bop
Sanctuary

posted by Natusch @ 7:55 PM, ,




Warlord - Rising Out Of the Ashes (2002)


quarta-feira, novembro 07, 2007

Inspirado por alguns comentários dentro do post sobre o ‘debut album’ do HammerFall (que pode ser encontrado pelos interessados um pouco mais abaixo), decidi dar um pouco de reconhecimento a uma das maiores inspirações de Joacim Cans e cia. – e, de quebra, uma das bandas mais legais e menos reconhecidas dos anos 80. O Warlord surgiu em 1981, em um lugar inóspito para uma banda de Metal (Hollywood, EUA), através do esforço de William J. Tsamis (G) e Mark Zonder (D). O grupo gravou em 1983 o histórico mini-LP “Deliver Us”, uma obra-prima do Power Metal épico. Em 1984, lançaria um single (“Aliens / Lost And Lonely Days”) e um ‘falso ao vivo’ chamado “And the Cannons Of Destruction Have Begun”, todos trabalhos de alto nível. No entanto, a falta de reconhecimento (Estados Unidos, né) e as constantes mudanças de formação acabaram desanimando Tsamis e Zonder, levando ao fim do grupo. Mark Zonder entrou no Fates Warning, enquanto William Tsamis virou estudante e posteriormente professor universitário na área da filosofia. Chegou a montar uma outra banda (chamada Lordian Guard e que divide opiniões) e lançar dois CDs com ela (CDs que saíram aqui no Brasil via Hellion Recs.), mas já num esquema bem menos pretensioso. Então veio o cover de “Child Of the Damned”, depois a participação de Tsamis na estupenda “At the End Of the Rainbow”, e é claro que William sentiu vontade de gravar algo novo. O resultado, meus amigos, é o “Rising Out of the Ashes” que resenharemos daqui por diante.

William J. Tsamis assumiu todas as partes de guitarra e baixo, Mark Zonder voltou para a bateria, mas faltava ao menos mais uma pessoa para os vocais. A solução? Chamar ninguém menos que Joacim Cans, que tão bem tinha feito o serviço no HammerFall. Obviamente, o homem topou (quem não toparia gravar um disco com uma de suas bandas favoritas?), e desta conjunção de grandes nomes saiu esse ótimo CD. Das nove músicas, algumas são regravações de temas do Lordian Guard e/ou do próprio Warlord, enquanto as demais são totalmente inéditas – e momentos legais não faltam no repertório do disco. De cara, a poderosa “Battle Of the Living Dead” revela para quem não conhece o que é o som do Warlord: clima épico, muitas melodias de guitarra, bateria trampada para diabo e uma linha vocal simples e marcante, desaguando em um refrão fácil de cantar. Um primor, acreditem.

As três peças da banda funcionam perfeitamente em suas funções. Mark Zonder é um baterista completo, e ainda por cima criativo: suas levadas são de alta variação, e o homem consegue achar soluções surpreendentes em vários momentos do CD. William J. Tsamis, além de ser o compositor exclusivo de quase todas as (ótimas) músicas e (muito interessantes) letras, é um guitarrista bastante qualificado, com um estilo muito pessoal – nada de solinhos rapidinhos, aqui é riff em cima de riff e muitas, mas muitas melodias mesmo. Joacim Cans, bem, é aquilo que a gente sabe: um cantor de timbre personalíssimo, que sabe muito bem como conduzir uma música épica com força e emoção. As partes de teclado são discretas e bem incluídas, e de tudo isso sai uma sonoridade que agrada facilmente quem gosta de Heavy Metal de alto nível.

Quanto às músicas, o nível é bem alto, então dificulta na hora de dar destaques. Além da citada “Battle Of the Living Dead”, temos a sensacional “Winds Of Thor” (ouvir o coro no final e não cantar junto é passar um atestado de ‘não-sou-um-verdadeiro-fã-de-Metal), o riff demolidor de “Enemy Mind”, a linda balada “My Name Is Man” (sério mesmo, o negócio é do mais alto nível) e o clima grandioso de “Achilles Revenge”. A regravação de “Lucifer’s Hammer” (tema clássico da banda, gravado pela primeira vez ainda em 1983), na minha opinião, não deu tão certo assim: a versão original é mais grandiosa e bombástica. Mas ainda assim é uma música sensacional, e quem não conhece vai curtir, com certeza. A maioria das músicas tem andamentos menos velozes do que o comumente associado a bandas do tipo, mas mesmo isso é positivo, pois permite que o Warlord fuja de alguns dos clichês do gênero – boa parte deles, de qualquer modo, inventados por eles mesmos...

Resumindo: um CD bem interessante, que tende a agradar consideravelmente não só aos fãs de carteirinha do HammerFall, mas também aos apreciadores de Heavy Metal épico tocado com energia e conhecimento de causa. Depois disso, o Warlord voltou ao recolhimento, com Mark Zonder reassumindo as baquetas no Fates Warning, Joacim Cans retomando a posição de frente no HammerFall e William J. Tsamis retornando aos livros e ensaios sobre filosofia. Menos mal, de qualquer modo, que a união dos nomes em questão rendeu um CD dos mais respeitáveis – e quem sabe, um dia desses, os três não resolvem se unir uma vez mais, gravando quem sabe algo tão agradável quanto esse “Rising Out Of The Ashes”. Eu, do lado de cá, fico torcendo. Nota 8,0

Warlord – Rising Out Of the Ashes
Lançamento:
2002
Gravadora: Rock Brigade / Laser Company
Faixas: 09
Tempo: 50’39’’
Formação: Joacim Cans (v), William J. Tsamis (g / b / k), Mark Zonder (d).

posted by Natusch @ 1:00 AM, ,




Porto Alegre, 5 de março de 2008: faltam 125 dias


quinta-feira, novembro 01, 2007

Leiam isto.

Depois, se eu ainda estiver vivo, belisquem-me para me provar que não é delírio.

Up the Irons!

posted by Vicente Fonseca @ 4:08 PM, ,




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