Angra - Aurora Consurgens
sexta-feira, março 23, 2007
Está na hora de o Angra começar a rever algumas coisas. Sexto lançamento de estúdio dos brasileiros, Aurora Consurgens não é, de modo algum, um mau disco de Heavy Metal. Porém, mesmo contando com excelentes e virtuosos músicos, com uma produção impecável e uma enorme legião de fãs espalhados pelo planeta, este lançamento claramente não empolga.
Originalidade não é tudo, mas é algo importante. O Angra se destacava dentro do metal melódico por ser uma banda que soava diferente: tinha suas pitadas progressivas, elementos de música brasileira, aliado aos dois bumbos no talo, que é tão característico (e repetitivo) no estilo. No entanto, parece que esta fórmula está se esgotando. Aliás, bom mesmo é quando o artista deixa uma fórmula de lado e faz um som de fato subjetivo.
Não há sequer uma música ruim em Aurora Consurgens. Mas também, certamente, não restará deste álbum nenhum grande clássico, aqueles que fazem a pessoa ir ao show só para ouvi-lo. Não é um disco em que chegamos ao ponto de pensarmos estar ouvindo sempre a mesma música, mas é um disco sem personalidade marcante, como o excelente antecessor Temple of Shadows, por exemplo.
A melhor música é Passing By, a única de fato original, com uma levada mais cadenciada, riffs fortes e momentos mais calmos. Um nível abaixo temos duas semi-baladas, Ego Painted Grey e So Near So Far, que é uma boa música mas não traz nada de novo, visto que tem arranjos mui semelhantes a The Shadow Hunter, do Temple of Shadows. Depois disso, todas as músicas mantém um nível razoável, o que é muito pouco para quem se acostumou a ouvir obras-primas vindas destes cinco rapazes. The Course of Nature é cativante, mas nada de maravilhoso; The Voice Commanding You, Salvation: Suicide, Window to Nowhere e Scream Your Heart Out são daquele metal melódico saturado que falei à pouco. Não são ruins, mas já as ouvimos quinhentas vezes em outros quinhentos discos. Breaking Ties é diferente, um pouco mais cadenciada e com boa musicalidade. Fechando o álbum, uma tradicional balada ao violão, Abandoned Fate.
Dispensável falar da qualidade da produção de um álbum do Angra, como sempre impecável. Também não é novidade dizer que Rafael e Kiko formam uma das mais afinadas e entrosadas duplas de guitarras da atualidade, bem como elogiar o ótimo baixista Felipe Andreoli e o monstro Aquiles Priester na bateria. Edu Falaschi, que já havia se afirmado definitivamente no disco anterior, volta a mostrar um bom vocal, ainda que os agudos em músicas mais rápidas seja um tanto irritante. O encarte é bonito e cuidadoso, mas a capa, assim como as composições, peca pela falta de originalidade.
Sem dúvida, o mais fraco disco da carreira do Angra até hoje. Não chega a comprometer a brilhante trajetória dos brasileiros, mas serve de alerta para o próximo lançamento que, esperamos, seja mais inspirado. Nota 7,2.
FICHA TÉCNICA
Angra - Aurora Consurgens
Lançamento: 2006
Produção: Dennis Ward
Gravadora: Paradoxx
Faixas: 10
Tempo: 50'35''
Formação: Edu Falaschi (V), Kiko Loureiro (G), Rafael Bittencourt (G), Felipe Andreoli (B), Aquiles Priester (D).
posted by Vicente Fonseca @ 5:35 PM,