TESTAMENT: Opinião, Porto Alegre, 24/abril/2007
quarta-feira, abril 25, 2007
Existem eventos que acabam sendo importantes para reafirmarem conceitos e reforçarem certezas na vida de uma pessoa. Eu mesmo, por exemplo. Não que eu estivesse desiludido ou desgostoso do Metal, longe disso. Mas sabem como é: a idade vai chegando, e o cara vai ficando eclético, entra numas de ouvir outros estilos, coisa e tal. É para não se deixar levar demais por essa ‘maturidade’ que um show tipo esse do Testament, terça feira no Opinião, acaba sendo perfeito – em poucos minutos o cidadão está batendo cabeça, erguendo os punhos para o ar, urrando a plenos pulmões e lembrando acima de qualquer dúvida que o Heavy Metal é a lei, hoje e sempre.
O público de cerca de 600 pessoas parecia bastante animado, cantando empolgadamente as músicas que rolavam no som mecânico e arriscando coros de “Testament, Testament” em várias oportunidades. Quando as luzes se apagaram e o grande (em mais de um sentido) baterista Nick Barker dirigiu-se a seu kit, todos sabiam que o pau ia comer. E comeu, meus amigos. De cara, “The Preacher”, para não deixar dúvidas de que tipo de som teríamos a partir dali: Thrash Metal feroz, pesado e energético, daqueles de deixar ouvidos zunindo.
Uma coisa deve ser dita: o Testament 2007 é formado por excelentes músicos, e ver a formação quase-clássica reunida e detonando é um verdadeiro privilégio. Alex Skolnick, por exemplo, é um guitarrista excelente, muitíssimo técnico e de uma rapidez impressionante na mão esquerda. Mas a técnica apurada não tira a musicalidade de sua performance, nem o faz ficar plantado no palco – pelo contrário, pois o cara se move bastante e interage seguidamente com a platéia. Eric Peterson, embora fique mais nas bases, complementa bem o serviço de Alex, segurando sempre o peso e energia das composições. Nick Barker, que já tocou em muitas bandas do cenário extremo internacional, é um cavalo nas baquetas – quem vê o seu físico, digamos, avantajado não suspeita que o cara seja capaz de massacrar a bateria com a fúria que testemunhamos nessa noite. Greg Christian volta a seu lugar de poder, e mostra para todo mundo que baixo Thrash é com ele mesmo. E Chuck Billy segue o mesmo cara de sempre – revezando vozes limpas e momentos rasgados / guturais com desenvoltura e agitando bastante na frente do palco, repetindo incansavelmente sua postura “air guitar” com o pedestal do microfone e tudo o mais. Nem parece que Chuck teve que fazer tratamento contra câncer alguns anos atrás, pois sua performance é empolgante e irrepreensível.
O setlist, embora não exatamente surpreendente, foi a paulada que todos esperavam. “Electric Crown” foi festejadíssima, e “D.N.R.” pegou desprevenida aos que achavam que nenhum som da fase “The Gathering” seria executado. “Into the Pit” foi dedicada ao pessoal do mosh, e é desnecessário dizer que as ‘rodinhas’ se tornaram ainda mais intensas no decorrer dessa música excepcional. “Trial By Fire”, “Practice What You Preach” e “Souls of Black” também botaram o Opinião para pular.
Em um dos poucos momentos de bate-papo com o público, Chuck Billy contou brevemente uma história sobre as gravações do videoclip de “Over the Wall”, para logo depois mandar ver uma versão demolidora da música em questão. Aliás, um ponto positivo: embora bastante carismática, a banda não perde tempo com conversa fiada entre as músicas, preferindo dedicar-se a tocar um clássico atrás do outro. Encerrando o set ‘normal’, o Testament adotou uma decisão bem-humorada: ao invés de fazerem de conta que não voltariam, perguntaram se o público queria mais e disseram que “já voltavam”.
Após alguns breves minutos (nos quais o escriba comemorou animadamente após descobrir que o Grêmio havia vencido o Cerro por 1 a 0 e seguia vivo na Libertadores), veio a até certo ponto inesperada “Alone In the Dark” – uma das músicas mais legais do primeiro disco da banda, “The Legacy”, aqui executada de modo emocionado e fiel. Chuck Billy não se cansa de elogiar o público, dizendo estar comovido com a acolhida dos bangers de Porto Alegre (nome pronunciado perfeitamente, aliás). Depois de fazer a típica brincadeira do “oh oh oh” com o público, Chuck anuncia “Disciples of the Watch” e o Opinião vira um campo de batalha. Uma despedida mais explícita, com saudação ao público e tudo o mais, e as luzes não se apagam. Aparentemente, o show acabou, mas apenas aparentemente: sem maiores delongas, o Testament volta ao palco e encerra de vez uma noite de puro Thrash Metal com um de seus maiores hinos, a detonante “Burnt Offerings”.
Resultado das quase duas horas de Metal: um pescoço castigado (certamente sofrerei dores cervicais atrozes nos próximos dias), uma garganta maltratada, pernas doloridas e o espírito renovado. Heavy Metal é isso, meus(as) amigos(as): convém nunca nos permitirmos esquecer.
posted by Natusch @ 11:12 AM, ,
Symphony X - Twilight in Olympus
segunda-feira, abril 16, 2007
Este é tido pelos fãs como o disco mais fraco da formação clássica. Não há nenhuma razão aparente para um rendimento mais baixo. A qualidade da gravação é boa, os músicos obtêm ótimas performances. Twilight in Olympus não é um mau álbum, muito embora não tenha o brilho de outros trabalhos. Mas tem seus bons momentos.
A faixa de abertura é Smoke and Mirrors, uma composição bem típica do Symphony X, que mistura riffs pesados com outros mais melódicos, refrão forte, velocidade e um vocal agressivo de Russell Allen. Esta boa música de abertura é seguida pelos 9 minutos de Church of the Machine, aonde o quinteto norte-americano explora seu lado mais progressivo, ainda que o peso habitual esteja presente. Church of the Machine mostra, exemplarmente, o modo como aprecio de um teclado ser utilizado em uma música de Heavy Metal: dando uma base, criando um clima para a música, e não sobressaindo-se sendo utilizado em solos, como muitos grupos de metal melódico fazem.
Esta faixa termina repentinamente, quando tem início a pequena instrumental Sonata, calminha, contrastando fortmente com as duas anteriores e dando um diminuída bem feita no ritmo do disco. A canção dura cerca de 1 minuto e meio, e foi baseada na Sonata # 8 em Dó Menor, de Beethoven. O solo de Romeo aqui é belíssimo.
Daí, volta o peso, e com ele a melhor música de Twilight in Olympus. Trata-se da clássica In the Dragon's Den, composição mais conhecida deste álbum, com um refrão absolutamente grudento, um dos melhores da carreira do Symphony X. Ponto alto do disco, sem dúvida. The Relic, também com ótimo refrão, é outra grande música, similar a essa.
Ao final, ainda temos a épica Through the Looking Glass, de 13 minutos, que não é tão boa quanto outras mais longas já feitas pelo Symphony X. Orion - the Hunter tem bastante peso e cadência, mas carece de uma criatividade maior. Apesar de alguns riffs bem interessantes e densos, poderia fluir com mais naturalidade. Para finalizar, uma balada boa apesar de quase melosa, Lady of the Snow. Na edição que possuo, ainda vem de bônus a pesada Masquerade '98, que não entra nessa avaliação por ser bônus.
Não vejo Twilight in Olympus como um fracasso, pelo contrário. É um álbum simples, com uma capa interessante (apesar de que o acabamento poderia ser melhor), com algumas músicas muito boas. Não chega perto de V: The New Mythology Suite e The Odissey, por exemplo. Mas é um trabalho de bom nível, que sucedeu dois ótimos discos e antecedeu mais dois. Romeo, Allen e cia. tiveram uma fase menos criativa, mas não deixaram a peteca cair. Nota 7,7.
FICHA TÉCNICA
Symphony X - Twilight in Olympus
Lançamento: 1998
Produção: Eric Rachel, Steve Evetts e Michael Romeo
Gravadora: Hellion
Faixas: 09
Tempo: 58'37"
Formação: Russell Allen (V), Michael Romeo (G), Thomas Miller (B), Michael Pinnella (K) e Tom Walling (D).
posted by Vicente Fonseca @ 5:41 PM, ,
Symphony X - The Divine Wings of Tragedy
segunda-feira, abril 09, 2007
O Symphony X, após sete anos longe do Brasil, fará show em São Paulo no próximo dia 16 de junho. O próximo álbum de estúdio, Paradise Lost, deve sair no segundo semestre. Resenharei aqui os quatro álbuns desta ótima banda que possuo em meu acervo.
The Divine Wings of Tragedy é o disco que alavancou a carreira destes norte-americanos. Após um (dizem) péssimo álbum homônimo de estréia, em 1994, veio The Damnation Game, no ano seguinte, impulsionado também pela febre progressiva causada pelo auge do Dream Theater. Então, sucedeu-se este, considerado um dos marcos da carreira da banda.
Tudo começa com a poderosíssima Of Sins and Shadows. Música pérfeita: riffs pesados e vigorosos, vocalista dando show (Russell Allen, é até dispensável comentar, faz isso em todas as faixas deste álbum), refrão marcante, músicos virtuosos. Só esta já vale o disco. Começa quebrando tudo, como um bom álbum de metal deve ser, mesmo que seja de metal progressivo.
Depois, duas músicas de estilos semelhantes: Sea of Lies e Out of the Ashes, que são mais velozes, porém nunca deixando o peso de lado. Thomas Miller mostra toda sua qualidade como baixista nestas duas composições, que antecedem a clássica balada The Accolade, boa música, por sinal. Talvez fosse uma canção que tivesse para que eu não gostasse: é lenta, e dura quase 10 minutos. Mas a qualidade é tanta que nem percebemos o tempo passar. Tudo se encaixa com perfeição, mas eu não chego ao ponto de dizer que amo este tipo de música, vocês sabem bem disso.
Aí, duas músicas sensacionais, de volta ao peso. Pharaoh tem seus momentos lentos, mas o que caracteriza-a é a guitarra distorcida de Michael Romeo, além do vocal forte de Allen. Então, vem a sexta música, um dos maiores clássicos da banda, The Eyes of Medusa, uma das três primeiras músicas que qualquer um ouve do Symphony X quando deseja conhecê-los. Pudera, é sensacional. Tem todas as qualidades que a faixa inicial deste álbum possui, mas aqui a marca é a cadência, e não a velocidade. Ainda há um momento mais lento e sem guitarras, uma verdadeira parada dentro da música, que, do nada, volta ao ritmo agressivo "normal". Imperdível essa, de arrepiar qualquer um que tenha Heavy Metal no tipo sangüíneo.
As três músicas finais deste disco não deixam a qualidade cair, apesar de não serem assim tão brilhantes. The Witching Hour é boa, mas talvez a mais fraca de todas, aproximando-se mais do metal melódico clássico, que não é a marca do Symphony X. A seguir, a faixa-título, com quase 21 minutos de duração. Como sempre, uma verdadeira viagem, ainda que a banda peque, um pouquito, no virtuosismo-preciosista. Mas vale a pena, principalmente pela qualidade do trabalho apresentado. A final é uma balada com qualidade, chamada Candlelight Fantasia, música melancólica que encerra de forma adequada este excelente e imprenscindível trabalho para quem se diz fã de Prog Metal. Nota 8,2.
FICHA TÉCNICA
Symphony X - The Divine Wings of Tragedy
Lançamento: 1996
Produção: Steve Evetts & Eric Rachel
Gravadora: Hellion
Faixas: 09
Tempo: 65'21"
Formação: Russell Allen (V), Michael Romeo (G), Thomas Miller (B), Michael Pinnella (K), Jason Rullo (D).
The Divine Wings of Tragedy é o disco que alavancou a carreira destes norte-americanos. Após um (dizem) péssimo álbum homônimo de estréia, em 1994, veio The Damnation Game, no ano seguinte, impulsionado também pela febre progressiva causada pelo auge do Dream Theater. Então, sucedeu-se este, considerado um dos marcos da carreira da banda.
Tudo começa com a poderosíssima Of Sins and Shadows. Música pérfeita: riffs pesados e vigorosos, vocalista dando show (Russell Allen, é até dispensável comentar, faz isso em todas as faixas deste álbum), refrão marcante, músicos virtuosos. Só esta já vale o disco. Começa quebrando tudo, como um bom álbum de metal deve ser, mesmo que seja de metal progressivo.
Depois, duas músicas de estilos semelhantes: Sea of Lies e Out of the Ashes, que são mais velozes, porém nunca deixando o peso de lado. Thomas Miller mostra toda sua qualidade como baixista nestas duas composições, que antecedem a clássica balada The Accolade, boa música, por sinal. Talvez fosse uma canção que tivesse para que eu não gostasse: é lenta, e dura quase 10 minutos. Mas a qualidade é tanta que nem percebemos o tempo passar. Tudo se encaixa com perfeição, mas eu não chego ao ponto de dizer que amo este tipo de música, vocês sabem bem disso.
Aí, duas músicas sensacionais, de volta ao peso. Pharaoh tem seus momentos lentos, mas o que caracteriza-a é a guitarra distorcida de Michael Romeo, além do vocal forte de Allen. Então, vem a sexta música, um dos maiores clássicos da banda, The Eyes of Medusa, uma das três primeiras músicas que qualquer um ouve do Symphony X quando deseja conhecê-los. Pudera, é sensacional. Tem todas as qualidades que a faixa inicial deste álbum possui, mas aqui a marca é a cadência, e não a velocidade. Ainda há um momento mais lento e sem guitarras, uma verdadeira parada dentro da música, que, do nada, volta ao ritmo agressivo "normal". Imperdível essa, de arrepiar qualquer um que tenha Heavy Metal no tipo sangüíneo.
As três músicas finais deste disco não deixam a qualidade cair, apesar de não serem assim tão brilhantes. The Witching Hour é boa, mas talvez a mais fraca de todas, aproximando-se mais do metal melódico clássico, que não é a marca do Symphony X. A seguir, a faixa-título, com quase 21 minutos de duração. Como sempre, uma verdadeira viagem, ainda que a banda peque, um pouquito, no virtuosismo-preciosista. Mas vale a pena, principalmente pela qualidade do trabalho apresentado. A final é uma balada com qualidade, chamada Candlelight Fantasia, música melancólica que encerra de forma adequada este excelente e imprenscindível trabalho para quem se diz fã de Prog Metal. Nota 8,2.
FICHA TÉCNICA
Symphony X - The Divine Wings of Tragedy
Lançamento: 1996
Produção: Steve Evetts & Eric Rachel
Gravadora: Hellion
Faixas: 09
Tempo: 65'21"
Formação: Russell Allen (V), Michael Romeo (G), Thomas Miller (B), Michael Pinnella (K), Jason Rullo (D).
posted by Vicente Fonseca @ 9:06 AM, ,